O Teatro das Oprimidas


Laboratório Madalena realizado com mulheres da Guiné-Bissau

O Teatro das Oprimidas é uma proposta experimental que a partir de uma iniciativa Centro de Teatro do Oprimido do Rio de Janeiro em parceria com a diretora de teatro Alesandra Vannucci em 2010, reuniu mulheres de várias partes do Brasil, Moçambique e Guiné-Bissau. Foram realizados laboratórios em algumas capitais em distintas regiões do país: Ceará, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Distrito Federal. Reunindo grupos de mulheres com o intuito de efetuar uma busca, uma profunda pesquisa a respeito das opressões perpetuadas contra as mulheres. O laboratório mescla técnicas do Teatro do Oprimido, da Estética do Oprimido, técnicas do Arco-Íris do Desejo e do teatro profissional, construindo a noção de que nossa relação com o Outro se mostra através do corpo, através das imagens e representações sociais de homens e mulheres. Partindo da metodologia desenvolvida por Augusto Boal, esses grupos se vêem diante do desafio de não somente caracterizar os opressores e denunciá-los, senão que investigar posturas, idéias e comportamentos que estão inscritas nos corpos das oprimidas e que alcançam o cotidiano com força suficiente para barrar a desenvoltura de seus desejos. É possível observar como essa dimensão mais simbólica do poder desvela-se diante das protagonistas e de seu público, através da forma auto-reflexiva e transformadora que o teatro de Boal nos oferece.
Assim, é uma pesquisa de como as opressões inscrevem-se nos corpos femininos enquanto processos conscientes e inconscientes, sendo que “essa divisão arbitrária, mas razoável, não estabelece, ela também, fronteiras precisas: existe trânsito. Busca-se o trânsito, sobretudo de baixo para cima, busca-se fazer emergir os tesouros soterrados ou afundados nessas escuras profundezas.” (BOAL,1996,p.47). Essa idéia, dos conteúdos inconscientes que devem ser resgatados, está principalmente presente na metodologia do Arco-Íris do Desejo, criada por Boal durante seu exílio na França e que reúne uma série de jogos e exercícios que buscam retirar da obscuridade as opressões em seus níveis mais profundos.
 No percurso do Teatro das Oprimidas assistimos a reivindicação de territórios-fêmea, onde seja possível essa investigação estética e sua partilha, onde a vergonha, a culpa e a concorrência sejam desconstruídas – afetiva, estética e historicamente – e a confiança se estabeleça e permita o surgimento de sentimento solidário entre as mulheres. A questão levantada é: “Seria possível uma mulher ser o espelho da outra? Olhando nos olhos de outras mulheres podemos ver nossos próprios olhares, entendendo o que querem dizer para aí podermos nos entender?”. Esse “olhos nos olhos” que a metodologia do Teatro das Oprimidas – aplicada durante os 3 módulos que são foco da presente proposta – deseja auxiliar na construção de um movimento feminista cada vez mais solidário. Principalmente, abrir os palcos para a livre expressão do corpo feminino e para o debate acerca do que podemos fazer nessa constante busca pela igualdade, pela construção da cidadania, pela construção de nosso “eu” consciente das opressões que nos cercam e agentes da transformação social. 

Você quer saber mais sobre o Teatro das Oprimidas?
Entre em contato:
carolina.mujer@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário